[SPOILERS] “Everything that’s happened to your family, your kids, your husband, everything they are, everything they could have been and aren’t, is all your fault.”
A culpa é um dos temas que mais tem estado em evidência nesta brilhante terceira temporada de “United States of Tara“. Longe vão os tempos em que as desordens de Tara eram motivo de risos, de comédia, de trinta minutos bem passados. Não, pelo contrário: a cada episódio que vemos, a cada passo que damos em direcção ao final da temporada, o drama vai-se aprofundando, a tristeza vai-se espelhando em todas as personagens, as decisões difíceis não podem mais ser evitadas. E, no entanto, Max (John Corbett) ainda hesita antes do passo inadiável.
Se mais preciso fosse para ilustrar a forma como os alters de Tara (Toni Collette) e, especialmente, Bryce, estão a levar esta família à destruição, a sequência inicial, quando vemos as famílias felizes e normais (ou tão normais quanto é possível no universo desta série), é esclarecedora. Marshall (Keir Gilchrist) refugiou-se junto da avó Sandi (Frances Conroy), uma mulher que também tem os seus problemas mas que, pelo menos, lhe permite descansar um pouco; Kate (Brie Larson) brinca às casinhas com o namorado; Charmaine (Rosemarie DeWitt) e Neil (Patton Oswalt) têm a sua Wheels para proteger e discutem uma mudança para Houston. E Max? Max continua sempre na mesma, rodeado por maluqueiras, obrigado a tomar conta de um jovem adolescente molestador que é, também, a mulher que ama. Tal como Marshall descreveu no seu filme, esta história há muito que deixou de ser uma história sobre Tara, para passar a ser sobre aqueles que a rodeiam, que têm de conviver diariamente com as crises, que tentam fugir mas que, no final, acabam sempre por regressar.
“Okay, guys, look I know it seems like things are out of control but we’re gonna get back on track, I promise. We just… we gotta stick together like a unit, a family unit, we gotta keep remembering to have normal family fun, do normal family fun stuff. Now your mom, she’s coming back, just like always. It’s just gonna take some time.
Max continua preso na ilusão de que há uma cura para Tara, ignorando tudo o que aprendeu ao longo dos últimos anos, todas as afirmações dos médicos, ignorando o que lhe implora a sua mãe e as evidências mais do que claras. Bryce ameaçou e cumpriu: primeiro Buck, depois T, depois Alice, todos os alters foram sendo “assassinados”, sobrando apenas ele e Tara. Uma Tara que continua desaparecida em combate. “You’re not gonna win, Bryce, I’m not gonna let you win”, promete Max. Mas será esta promessa mais forte que a de Bryce?
“You need to leave, Max. You need to leave her. The only thing your father did wrong was leave you behind. That’s true and you know it. You keep Marshall here in this mess and he’ll waste his entire life trying to fix something he didn’t break. That’s true too. I’ve seen it myself.”
Sandi pode não ter deslumbrado de início, mas este seu regresso tem sido em grande. Não só as palavras que troca com Bryce, pondo-o no seu devido lugar, nos relembram uma muito saudosa Ruth Fisher, mas a forma como tenta chamar o filho à razão, como o tenta fazer ver que quem está aqui a sofrer mais são os filhos, faz uma ponte muito interessante com a vida do próprio Max. Afinal, Sandi pode não ter problemas ao nível de Tara, mas os distúrbios estavam lá na mesma, e tiveram consequências graves. Será esta a razão pela qual Max se recusa a deixar a mulher?
Seja como for, a verdade é que a situação chega finalmente ao ponto de ebulição quando, depois de se ter livrado dos alters, e de ser obrigado a admitir a sua morte (revelação que chega graças a Buck e à curiosa canção de embalar de Neil), Bryce se vira definitivamente contra Marshall e o agride. A forma como olha para Kate e as palavras maldosas que trocou com Marshall já os tinham levado a fugir (embora por pouco tempo) e a barricarem-se no quarto para tentarem descansar um pouco, pelo meio de recordações de infância, mas agora… agora não há como evitar a decisão que há muito se tinha tornado óbvia: Tara tem de ser internada, e não poderá continuar a tentar lutar contra esta doença sem a ajuda de profissionais.
Max e Tara partem, a caminho da clínica onde Tara irá tentar, mais uma vez, lidar com o seu problema. Mas o inesperado acontece: o desespero de Tara pelo que aconteceu durante todo este tempo que esteve “escondida” é demasiado grave para aguentar; Tara despede-se e atira-se de uma ponte (Quer dizer… de uma ponte talvez não, porque o preview que chega no final do episódio mostra-nos uma Tara vivinha da silva no último episódio da série. Não digo que não fosse de esperar, mas pelo menos podiam ter guardado o segredo durante mais uns tempos, para maximizar o efeito daquela cena que, por estas bandas, bateu bem forte). O futuro desta mulher e de toda a sua família está, assim, ainda no ar. Resta saber se um episódio será suficiente para resolver tudo o que permanece em aberto…
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